18/07/2016

O lado egoísta do amor

Quando tu sofres, eu sofro duas vezes.
Sofro por te ver em dor, em desespero, em angústia e sinto o teu sofrimento como se fosse meu. Faz-me doer a alma, corta-me o coração, ver-te infeliz, revoltado, em guerra com o mundo. E tento, na medida do que me é concedido, aliviar a tua dor.
E é daí que surge a minha segunda dor, uma dor mais egoísta até. Porque queria ser eu quem te consola, a quem confidencias as tuas mágoas, as tuas preocupações, aquilo que mais te afeta. Queria que fosse a minha mão que apertas quando precisas de força, que fossem os meus braços a envolver-te quando precisas de conforto, que fossem os meus beijos a secar as lágrimas que tentas reprimir porque queres ser forte.
No entanto, não tenho o direito sequer de te forçar a confidenciar esses sentimentos, tenho que esperar que mos confesses, mesmo quando noto que não estás bem, que estás alterado, não posso passar do “Está tudo bem?” trivial, quando a única coisa que queria era abraçar-te e prometer-te que tudo vai ficar bem, seja lá o que for, e que por ti moveria montanhas e atravessaria continentes, se fosse o que precisasses.
Por isso dói duas vezes, dói porque te dói e dói porque não posso ser eu a tua âncora, o teu rochedo, o teu mar calmo, a tua força nos momentos difíceis. Ainda que tenhas quem seja isso tudo para ti e que por isso não sintas a minha falta nesses momentos, sinto eu a falta de te poder amparar nessas alturas e de poder saber ao certo se estás bem ou simplesmente a pôr a máscara do “tudo ok” que todos usamos com quem não temos aquela relação especial. 
Será errado, este egoísmo do amor?

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