But most of all, I wish it from myself.”
Songbird,
by Fleetwood Mac *
Será isto egoísmo? Sim,
tem inequivocamente uma componente egoísta, porque apesar de te desejar toda a
felicidade (e amor) quero que tenham origem em mim.
Por isso, mesmo sabendo
que és feliz e amado, sou eu profundamente infeliz por não poder ser a fonte da
tua felicidade. Uma infelicidade que por vezes me tolhe de tal forma que me
impede de aproveitar as migalhas que recebo da tua amizade, as migalhas que são
o meu único sustento e que são normalmente doces e suficientes para sobreviver,
mas ocasionalmente são amargas e não as consigo tragar, deixando-me vazia, insatisfeita,
à procura de algo mais que me alimente e tantas vezes sem o encontrar.
Mesmo as migalhas que
me dás, a maioria das vezes tenho que ser eu a mendigá-las, qual pedinte de rua
a pedir para uma sopa. E nem percebes o que me estás a dar. Não tens noção do
quanto vivo para essas migalhinhas, mesmo quando me partem o coração e me
deixam desfeita em pedaços, pedaços que cada dia se estilhaçam mais, ao ponto
de não saber se ainda continuo a conseguir reconstruir-me toda.
Acho que não. Sinto que
a cada dia há mais um bocadinho de mim que se perde, algures pelo caminho, no
espaço entre mim e ti, nesse vazio que tu não vês que existe.
Porque não me afasto,
perguntam-me? Porque apesar de tudo são as migalhas que me mantêm viva, porque
prefiro sofrer e sentir, do que não sentir e andar por aí sem ansiar por nada.
Porque prefiro ter algumas migalhinhas amargas que me fazem chorar, sofrer e
passar fome, compensadas com as migalhas doces, do que não ter nada.
Um dia encontrarei quem
me dê mais que migalhas. Provavelmente não serás tu. Mas até lá, és o meu
sustento.
* https://www.youtube.com/watch?v=51vjhSlUCcE
Sem comentários:
Enviar um comentário