Amanhecia, quando tocou
o despertador, que desliguei rapidamente para não te incomodar. Adormecido ao
meu lado, eras um sonho tornado realidade, tinha dificuldade até em crer que
estavas mesmo ali. Acordada, fiquei a contemplar-te, as longas pestanas no teu
rosto moreno, a curvatura da tua boca, os cabelos revoltos no travesseiro, a
mão forte sobre o lençol branco. A recordar a noite anterior, lembrando-me de
tudo o que dissemos, de tudo o que fizemos, de tudo o que senti por finalmente
te ter comigo.
Ansiei tanto por esses
momentos, há muito que esperava que reparasses em mim, nos meus sentimentos e
que os retribuísses, e que juntos pudéssemos ter uma noite como esta, em que
fossemos mais do que dois seres isolados, fossemos seres unidos por uma paixão
Abriste os olhos
devagar, como se sentisses o peso do meu olhar. Azuis, brilhantes como safiras.
Acordado por fim, sorriste-me de forma que me fez sentir a mulher mais bela do
mundo e inclinaste-te sobre mim para me beijar.
Ambos nos levantamos,
quase sem falar, como se todos os passos nos fossem habituais, eu dirigi-me à
cozinha, para preparar o pequeno almoço, tu à casa de banho, para um duche.
Amor eterno, foi a
tisana que escolheste, com uma piscadela de olho marota, quando te juntaste a
mim na cozinha, descalço, cabelos molhados, apenas de jeans. Apenas olhar para
ti lembrava-me o que passáramos juntos e trazia-me todas essas emoções à flor
da pele.
Acabaste de te vestir e
vieste despedir-te de mim ao quarto, onde também me arranjava para ir para o trabalho.
Abraçaste-me e beijaste-me. Até logo, disseste.
Atónita, fiquei sem
saber exatamente o que significavam as tuas palavras. Amanhã será igual a hoje?
Antecipas um futuro em conjunto? Assim, de repente, sem sequer falarmos sobre
isso?
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