14/06/2016

Início?

Amanhecia, quando tocou o despertador, que desliguei rapidamente para não te incomodar. Adormecido ao meu lado, eras um sonho tornado realidade, tinha dificuldade até em crer que estavas mesmo ali. Acordada, fiquei a contemplar-te, as longas pestanas no teu rosto moreno, a curvatura da tua boca, os cabelos revoltos no travesseiro, a mão forte sobre o lençol branco. A recordar a noite anterior, lembrando-me de tudo o que dissemos, de tudo o que fizemos, de tudo o que senti por finalmente te ter comigo.
Ansiei tanto por esses momentos, há muito que esperava que reparasses em mim, nos meus sentimentos e que os retribuísses, e que juntos pudéssemos ter uma noite como esta, em que fossemos mais do que dois seres isolados, fossemos seres unidos por uma paixão
Abriste os olhos devagar, como se sentisses o peso do meu olhar. Azuis, brilhantes como safiras. Acordado por fim, sorriste-me de forma que me fez sentir a mulher mais bela do mundo e inclinaste-te sobre mim para me beijar.
Ambos nos levantamos, quase sem falar, como se todos os passos nos fossem habituais, eu dirigi-me à cozinha, para preparar o pequeno almoço, tu à casa de banho, para um duche.
Amor eterno, foi a tisana que escolheste, com uma piscadela de olho marota, quando te juntaste a mim na cozinha, descalço, cabelos molhados, apenas de jeans. Apenas olhar para ti lembrava-me o que passáramos juntos e trazia-me todas essas emoções à flor da pele.
Acabaste de te vestir e vieste despedir-te de mim ao quarto, onde também me arranjava para ir para o trabalho. Abraçaste-me e beijaste-me. Até logo, disseste.

Atónita, fiquei sem saber exatamente o que significavam as tuas palavras. Amanhã será igual a hoje? Antecipas um futuro em conjunto? Assim, de repente, sem sequer falarmos sobre isso?

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