Meu querido Miguel
Quando leres esta
carta, já há muito não estarei neste mundo. Aliás, como decerto já ouviste
centenas de vezes, foi um milagre ainda cá estar para te receber, o meu
primeiro neto.
No momento em que lês
esta carta, és já um homem. Vinte anos! Interrogo-me o que terás feito neste tempo.
Achei que era a altura certa para te transmitir os meus parcos conhecimentos e
também para me conheceres melhor.
A vida afastou-me da
tua avó e esse afastamento teve, como seria inevitável, consequências na
relação com as minhas filhas. Tentei ser um pai presente, mas sei que muitas
vezes falhei nesse meu propósito e que as desapontei. Por isso, o meu primeiro
conselho é muito especifico: se tiveres filhos, lembra-te que eles precisam
sempre de ti e de saber que os amas.
Os restantes conselhos
são mais genéricos e podes lê-los em imensos livros e até nas redes sociais
(ainda há Facebook ao fim de vinte anos?)
Lê muito – a ler
aprende-se não só factos mas também que o mundo não é só aquilo que conhecemos.
Ouve os outros - podes
sempre aprender algo ou ajudar alguém que precisava desabafar.
Ri-te o mais que
possas, principalmente de ti mesmo. Não te leves demasiado a sério e procura o humor
em todos os momentos da vida.
Chora quando tiveres
que chorar, não tenhas vergonha de o fazer. Só não chora quem não sente.
Sê a melhor versão de
ti mesmo. Não te amedrontes face aos desafios, enfrenta-os com consciência das
tuas forças e dos teus limites. E, acima de tudo, sê feliz!
Era assim que eu queria
ter vivido a minha vida. Falhei na maioria destas coisas, espero que estes
conselhos te possam ajudar a não cometer os mesmos erros que eu.
O teu avô
Miguel
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