15/03/2016

Reencontro

Sentada numa esplanada da Foz, em frente ao seu portátil, Inês batalhava com o relatório que teimava em não sair, quando se apercebeu da chegada de um novo cliente, de pasta na mão, pronto a instalar-se também a trabalhar. Olhou disfarçadamente segunda vez e pensou “parece mesmo o João”. Olhou de novo para ter certeza e acabou por perguntar:
- João?!
Surpreendido, o homem olhou para ela, reconhecendo-a imediatamente:
- Inês?! Há quanto tempo! Estás de volta ao Porto?
- Sim, é verdade. Senta-te aqui para conversarmos um bocadinho – respondeu ela. – Este relatório pode esperar um pouco.
- Já não nos vemos desde quando? – perguntou ele. – Desde o fim da faculdade, não? Parece que foi ontem e já lá vão 15 anos!
Trocaram histórias de vida pessoal– ele de como casara com a namorada da faculdade com quem tinha duas filhas quase adolescentes e de quem estava divorciado há quatro anos, ela de como deixara para trás o namorado da faculdade para ir para Lisboa e a relação acabara por morrer pela distância, sem que nenhuma outra duradoura tivesse nascido.
 Falaram da vida profissional – ele de como trocara várias vezes de emprego para adquirir a boa posição que tinha atualmente, ela de como se empenhara a fundo para conquistar o retorno à terra natal.
Relembraram histórias da faculdade, professores, colegas, aventuras e festas. A velha empatia renasceu e a conversa fluía.
João olhou para o relógio e disse:
- Tenho de ir, hoje é o meu dia de ficar com as miúdas. Mas temos de combinar encontrar-nos de novo.
Trocaram contactos, e João partiu. Inês encerrou também o seu portátil, era hora de ir para casa. O relatório teria de ser feito à noite, mas o reencontro e as perspetivas que o acompanhavam valiam o trabalho extra.

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