Sentada
numa esplanada da Foz, em frente ao seu portátil, Inês batalhava com o
relatório que teimava em não sair, quando se apercebeu da chegada de um novo
cliente, de pasta na mão, pronto a instalar-se também a trabalhar. Olhou
disfarçadamente segunda vez e pensou “parece mesmo o João”. Olhou de novo para
ter certeza e acabou por perguntar:
-
João?!
Surpreendido,
o homem olhou para ela, reconhecendo-a imediatamente:
-
Inês?! Há quanto tempo! Estás de volta ao Porto?
-
Sim, é verdade. Senta-te aqui para conversarmos um bocadinho – respondeu ela. –
Este relatório pode esperar um pouco.
-
Já não nos vemos desde quando? – perguntou ele. – Desde o fim da faculdade, não?
Parece que foi ontem e já lá vão 15 anos!
Trocaram
histórias de vida pessoal– ele de como casara com a namorada da faculdade com
quem tinha duas filhas quase adolescentes e de quem estava divorciado há quatro
anos, ela de como deixara para trás o namorado da faculdade para ir para Lisboa
e a relação acabara por morrer pela distância, sem que nenhuma outra duradoura
tivesse nascido.
Falaram da vida profissional – ele de como
trocara várias vezes de emprego para adquirir a boa posição que tinha
atualmente, ela de como se empenhara a fundo para conquistar o retorno à terra
natal.
Relembraram
histórias da faculdade, professores, colegas, aventuras e festas. A velha
empatia renasceu e a conversa fluía.
João
olhou para o relógio e disse:
-
Tenho de ir, hoje é o meu dia de ficar com as miúdas. Mas temos de combinar
encontrar-nos de novo.
Trocaram
contactos, e João partiu. Inês encerrou também o seu portátil, era hora de ir
para casa. O relatório teria de ser feito à noite, mas o reencontro e as
perspetivas que o acompanhavam valiam o trabalho extra.
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