29/02/2016

Anseio

Quando chegaste, com o teu passo leve e o teu sorriso malandro, toda a minha alma se iluminou. Como acontece, aliás, dia após dia, mesmo quando o sorriso é substituído por má disposição.
Porque preciso ver esses teus olhos de azeitona para o meu dia começar e o meu coração se encher de novo de doces sentimentos.
E, no entanto, há dias, quando chegaste, trazias um ar tímido incomum em ti, o eterno descarado. Estranhei-o, mas nada disse. O habitual café matinal foi atípico, parecia que não tinhas sobre o que falar. Até que, abruptamente, como quem arranca um penso rápido, me disseste que ias morar com uma rapariga. Alguém de quem nunca me falaras e que ocupou na tua vida o lugar que eu tanto ambicionava, mas que sempre me faltou a coragem de arriscar tentar conquistar.
Fiz-me de forte e dei-te os parabéns com um sorriso, enquanto a minha alma chorava em silêncio. Também nada mais disseste, embora se perceba, pelo modo como me contaste, que terás alguma noção do que sinto por ti, mas disfarçaste-o, o que muito apreciei.
Nessa noite, sozinha, chorei até me secarem as lágrimas e não conseguir derramar nem mais uma, apesar de ter tantas ainda por chorar.
Enquanto que nos dias anteriores deixavas em mim a cada dia um pouquinho mais desses sentimentos, nesse dia levaste a minha alma toda. Fiquei vazia, porque percebi que a minha alma é toda tua e tu não a queres, é algo que é inútil para ti, e para mim também, porque se não estou contigo, sou um corpo vazio, preenchido apenas por um sentimento que dói e fere, mas ao mesmo tempo é doce e cheio de ilusões.

Por isso anseio por cada vez que chegas, para tornar a viver!

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